terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Dor, Hipermobilidade e Síndrome de Ehlers-Danlos (SED)

 Rodney Grahame CBE, MD, FRCP, FACP
 Professor Emérito de Reumatologia, University College Hospital, em Londres.

Quando a Síndrome de Hipermobilidade foi pela primeira vez incluída no mapa médico,  em 1967, foi definida como a presença de sintomas músculo-esqueléticos (predominantemente dor) que ocorrem em indivíduos saudáveis. Agora, acho que provavelmente existem dois tipos de hipermobilidade.
O primeiro é um tipo mais suave que ocorre em pessoas cujas articulações são apenas como todos os outros, mas que têm a capacidade de mover-se mais do que as articulações da maioria das pessoas. O outro, uma forma mais acentuada, tem características que sugerem que pode ser parte de uma doença hereditária do tecido conjuntivo semelhante ao tipo Hipermóvel da Síndrome de Ehlers-Danlos (SED, anteriormente chamado SED tipo III. Provavelmente, é SED. No presente momento, nós simplesmente não sabemos ao certo se a Síndrome da Hipermobilidade Articular(SHA) é ou não, apenas um tipo menos grave da SED III. A dor pode ocorrer em outras formas. Para o resto deste artigo, a fim de evitar confusão, vou me referir a hipermobilidade como uma condição, SHA / SED. Há muitas pessoas com hipermobilidade articular na sociedade que não sentem dor (ou muito pouco). A maioria delas provavelmente nem sequer sabem que são hipermóveis. Então algo acontece, e eles começam a sentir dores pela primeira vez em suas vidas. Normalmente, um exercício inesperado, ou uma mudança de emprego, ou novo estilo de vida provoca o surgimento da dor. Quando os sintomas começam, e independentemente da causa da hipermobilidade, "síndrome de hipermobilidade" é o termo  usado para descrever esta condição. Hipermóveis quando sem dor são apenas chamados pessoas hipermóveis.

Um fato pouco conhecido é que a hipermobilidade ocorre em muitos indivíduos em apenas algumas articulações. Não tem necessariamente de afetar as articulações todas. Mesmo a hipermobilidade em uma única articulação pode causar dor e / ou instabilidade nesta articulação, o diagnóstico, mesmo assim, é síndrome de hipermobilidade (SHA / SED).

As pessoas nascem hipermóveis. A hipermobilidade está em seus genes. É a maneira como eles são feitos. Então, como é que as pessoas com hipermobilidade podem estar literalmente bem por décadas, e de repente ser derrubado por uma dor generalizada, que retira a sua tranquilidade, que transforma a  sua condição que predominou durante a infância, adolescência ou vida adulta? Para explicar esses acontecimentos curiosos e aparentemente inexplicáveis, postulamos que a pessoa afetada, neste caso a pessoa hipermóvel, tinha uma fraqueza inerente a ela, ligada à produção do colágeno ou proteína similar. Essa fraqueza torna os tecidos do corpo menos robustos e, portanto, menos capazes de enfrentar as tensões físicas da vida diária. Podemos explicar um monte de dor que surge em função de uma série de (muitas vezes pequenas) lesões que ocorrem sempre que há uma incompatibilidade entre as exigências físicas de um lado, e a força das partes do corpo que estão sendo solicitados a realizá-las, de outro. Há toda uma série de lesões dolorosas que podem resultar, variando de deslocamentos a fraturas, hérnia de disco, entorses de ligamentos, distensões musculares, estiramento de tendões (como cotovelo de tenista ou fasceíte plantar), etc - condições que podem acontecer a qualquer um, mas que ocorrem mais facilmente em pessoas com o SHA / SED. Se uma pessoa conhece sua força (ou a falta dela), ele deve ser capaz, em teoria pelo menos, de permanecer dentro de uma margem de segurança e, assim, proteger-se de uma lesão. Até certo ponto, isto é assim. Muitas pessoas com  SHA / SED são capazes de modificar seu estilo de vida e fazer exatamente isso. Outros acham que é mais difícil.

As articulações começam, precocemente, a perder sua cartilagem, que é essencial para o movimento suave entre os ossos adjacentes. Este desgaste anuncia o início da osteoartrite, em si mesma, uma condição dolorosa. É uma forma muito comum de artrite na meia idade e idosos, e as pessoas hipermóveis parecem ser propensos, em muitos casos,ainda jovens. É importante estabelecer, tanto quanto possível até que ponto a dor é devido ao trauma / excesso de uso, ou osteoartrite precoce, pois o tratamento é muito diferente. A ênfase com a primeira é na prevenção, enquanto que neste último, o tratamento é outro.
No entanto, nem a susceptibilidade à lesão ou uso excessivo (lesão repetitiva), nem osteoartrite, explica toda a dor que é sentida no SHA / SED. Há mais do que isso.

"Influências emocionais podem amplificar a dor, mas não causá-la."

Vamos tentar juntar as peças do quebra-cabeças juntos. A dor é algo que sentimos. Mesmo que tenha uma causa física, uma vez que, sem dúvida,ela existe na SHA / SED, ainda é uma experiência subjetiva. É muitas vezes acompanhada por uma intensa sensação de exaustão. A gravidade da dor que nós sentimos é muito influenciada pelo nosso estado de espírito. Se estamos chateados ou agitados ele tende a aumentar. Se estamos satisfeitos, relaxados ou apenas felizes tende a diminuir. As pessoas com  SHA / SED estão, muitas vezes,  na primeira categoria, e por boas razões! A falta de compreensão da condição é generalizada, juntamente com a ausência de um  tratamento adequado para o alívio dos sintomas, leva à frustração, ressentimento, raiva (e muito mais emoções que eu poderia listar, mas os leitores sabem todos eles muito bem!) e, finalmente depressão. Estas influências emocionais podem amplificar a dor, mas não causá-la.

Outra peça do quebra-cabeça é uma condição misteriosa chamada fibromialgia. Esta condição faz com que a dor crônica generalizada nos músculos seja identificada pelo achado de "tender points", pontos dolorosos múltiplos em locais específicos no corpo. Durante anos, o debate tem sido travado sobre se se trata de uma doença física que afeta os músculos, ou se é um transtorno emocional. A visão predominante é que é, provavelmente, alguma forma de sinal de socorro que pode surgir em pessoas com uma série de condições diferentes e não relacionadas. Como isso se relaciona com hipermobilidade? É que tem sido demonstrado que a hipermobilidade e fibromialgia ocorrem juntas na mesma pessoa mais frequentemente do que se poderia esperar com base em um acontecimento fortuito. Isso não significa que elas (fibromialgia e hipermobilidade) são parte da mesma condição.Seria, na verdade, muito improvável que o que é claramente um distúrbio adquirido (fibromialgia) possa ser uma parte integrante do que é claramente uma doença genética (SHA / SED). Mas, provavelmente, a fibromialgia deva ser encarada como um sinal proveniente de uma pessoa com  SHA / SED angustiado. Porém, a fibromialgia como tal, ocorre apenas raramente na SHA / SED. Devemos olhar para mais longe.

Parece bastante provável que possa haver uma explicação totalmente diferente para o fardo da dor suportada por pessoas com  SHA / SED. Aqui estão duas pistas:

A primeira pista diz respeito ao sentido chamado propriocepção, o que significa saber onde partes do corpo estão no espaço. Se você fechar os olhos e alguém dobrar um dos seus dedos ou pegar o seu braço e levantar, você sabe imediatamente o quanto o seu dedo é dobrado, ou one e como o seu braço está agora. Isso é porque você tem uma boa propriocepção. Os cientistas demonstraram que pessoas com  SHA / SED não são tão boas como as outras pessoas em saber exatamente onde seus dedos ou braços estão no espaço. Isto poderia levar a um aumento adicional do risco de lesões.

A segunda pista é a descoberta de que pacientes com  SHA / SED, por algum motivo, não parecem experimentar a anestesia total como efeito de injeções de lidocaína, quando estes são dados para fins odontológicos, pequenas cirurgias ou na anestesia epidural (Pergunto-me quantos leitores estão acenando suas cabeças enquanto lêem isto!).

No presente momento nós não sabemos exatamente o que qualquer uma destas pistas indicam ou se elas se relacionam entre si. Mas elas sugerem que as pessoas com  SHA / SED, além de sua propensão à luxação, lesões e artrose, também podem ter uma falha na forma como esses sinais de dor são captados para posterior transmissão para o cérebro, onde atingem a consciência. Trabalho de pesquisa está em andamento para tentar resolver este enigma. Muito mais precisa ser feito. 

Os leitores devem saber que muitos métodos de tratamento convencionais, do tipo oferecido para dores reumáticas em geral, não são particularmente úteis no SHA / SED. A fisioterapia ainda tem a melhor perspectiva para o alívio da dor, e é encorajador que mais fisioterapeutas estejam procurando por  métodos que sejam úteis nesta condição. Outro desenvolvimento notável é a rede de unidades em todo o país (Inglaterra) que estão oferecendo programas de gestão da dor, uma abordagem que tem se mostrado benéfica no SHA / SED, onde a dor intratável está presente.
    Artigo revisado em 15 março, 2009.

    Tradução: Maria Raquel Miranda – Diretora de Comunicação da SED BRASIL -  sedbrasil@hotmail.com


    Sugestão: leia também: Síndrome de Ehlers-Danlos e Hipermobilidade  http://sindromedeehlersdanlos.blogspot.com/2008/06/ehlers-danlos-e-hipermobilidade-ii.html

e, ainda: A dor na Síndrome de Ehlers-Danlos
http://sindromedeehlersdanlos.blogspot.com/2009/07/dor-na-sed.html

2 comentários:

  1. Texto muito esclarecedor. Acabei de voltar de um ortopedista e ele falou que sou hipermóvel e tenho SED. Mas como não possuo dores ou qualquer outro sintoma (apenas 2 cistos) fiquei bastante confuso. Com o texto pude perceber que possivelmente sou portador de SHA.
    Obrigado pela disposição do texto traduzido.

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  2. Independientemente de recibir diariamente terapias orales o futuras de depósito inyectable, estas requieren visitas de atención médica para la medicación y el monitoreo de la seguridad y la respuesta. Si los pacientes reciben un tratamiento lo suficientemente temprano, antes de que se produzca una gran cantidad de daños en el sistema inmunológico, la esperanza de vida es casi normal, siempre y cuando permanezcan en un tratamiento exitoso. Sin embargo, cuando los pacientes interrumpen la terapia, el virus rebota a niveles altos en la mayoría de los pacientes, a veces asociado con una enfermedad grave porque he pasado por esto e incluso un mayor riesgo de muerte. El objetivo de la "cura" está en curso, pero aún creo que mi gobierno hizo millones de medicamentos ARV en lugar de encontrar una cura. para la terapia continua y el seguimiento. El ARV solo no puede curar el VIH, ya que entre las células infectadas hay células con memoria CD4 de vida muy larga y posiblemente otras células que actúan como reservorios a largo plazo. El VIH puede esconderse en estas células sin ser detectado por el sistema inmunológico del cuerpo. Por lo tanto, incluso cuando la terapia antirretroviral bloquea completamente las rondas subsiguientes de infección de las células, los reservorios que se han infectado antes del inicio del tratamiento persisten y de estos reservorios el VIH rebota si se detiene el tratamiento. "Cura" podría significar una cura de erradicación, lo que significa deshacerse completamente del cuerpo del virus reservorio o una cura funcional del VIH, donde el VIH puede permanecer en las células reservorio, pero se evita el rebote a niveles altos después de la interrupción de la terapia. El Dr. Itua Herbal Medicine me hace cree que hay una esperanza para las personas que padecen, enfermedad de Parkinson, esquizofrenia, cáncer, escoliosis, fibromialgia, toxicidad por fluoroquinolona
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