Alan Pocinki, MD - George Washington University Hospital
A frouxidão articular ou hipermobilidade, é uma característica comum encontrada na síndrome da fadiga crônica (SFC). Na verdade, eu acredito que é uma característica da SFC. Peter Rowe e seus colegas, da Universidade Johns Hopkins , relatou pela primeira vez a associação da SFC com intolerância ortostática e hipermobilidade articular em 1999 [1], e desde então, eu não vi um único paciente com SFC que não fosse hipermóvel, nenhum. A maioria dos pacientes hipermóveis não parece doente e, como resultado, amigos, colegas e até mesmo os médicos podem ser indiferentes. Além disso, eles podem passar anos sem sucesso procurando a causa de sua dor crônica e outros sintomas, porque muitos médicos não estão familiarizados com a síndrome de hipermobilidade e seu conjunto complexo de sintomas. Isso soa familiar para você? |
A pontuação de Beighton é usada para medir o grau hipermobilidade de uma pessoa. Um ponto é atribuído para a capacidade de realizar cada um dos seguintes movimentos:
· dobrar o quinto dedo de volta mais de 90 graus (1 ponto cada lado);
· dobra o polegar para a frente para tocar o seu antebraço (1 ponto cada lado);
· hiper-extensão os cotovelos e joelhos, ou seja, dobrando-as para além de uma linha reta (1 ponto cada articulação, cada lado):
· colocando as palmas das mãos no chão sem dobrar os joelhos (1 ponto).
A Síndrome de hipermobilidade articular (SHA) é definida principalmente pela presença de dor nas articulações hipermóveis (a pontuação Beighton de quatro ou mais). Os tecidos moles (músculos e tendões) ao redor das articulações hipermóveis estão sob tensão constante ao tentarem estabilizar as articulações, mas eles mesmos são frouxos e fracos e são propensos a romperem e a produzirem espasmos, levando à dor e à rigidez das articulações. Muitos desses locais dolorosos correspondem aos pontos dolorosos da fibromialgia e a hipermobilidade articular é, de fato, conhecida por predispor ao desenvolvimento (dos sintomas atribuídos) à fibromialgia.
A associação da SFC com a SHA não é surpreendente, se considerarmos as características típicas da síndrome de hipermobilidade articular (SHA) (agora considerada idêntica ao tipo hipermovel de Ehlers-Danlos, ou SED): fadiga, dores musculares e articulares; sono não reparador; e disfunção do sistema nervoso autônomo, incluindo a intolerância ortostática e mal estar pós-esforço. Assim como os pacientes da síndrome da fadiga crônica, os pacientes hipermóveis estão mais predispostos a uma meia dúzia de tipos diferentes de dores de cabeça. , Os pacientes hipermóveis e muitos pacientes com SFC toleraram bem os seus sintomas até que um estresse agudo, de repente, faz com que haja um declínio significativo da função. Na SFC, o estresse agudo é frequentemente uma infecção viral, daí a associação de dores de garganta e gânglios inchados, com alguns casos de SFC. |
O comprometimento cognitivo em pacientes com hipermobilidade é provavelmente o resultado de anos de dor crônica, sono de má qualidade e / ou má circulação, tanto quanto em pacientes com SFC. Os pacientes com SFC têm ,muitas vezes, outros sintomas, tais como mãos e pés frios, dores de cabeça, contusões fáceis e enxaqueca, que são típicas das síndromes de hipermobilidade.
Nos últimos anos, eu descobri que os estudos do sono dos pacientes com SFC e com SED são indistinguíveis, sendo ambos primariamente caracterizados por um aumento do número de interrupções de sono e uma quantidade reduzida de sono profundo. O teste do sistema nervoso autônomo mostra padrões praticamente idênticos de disfunção em pacientes com SFC e em pacientes com SED do tipo hipermóvel .
Um programa de tratamento básico para restaurar o equilíbrio autonômico em ambos os grupos de pacientes é:
- dormir melhor - reduzindo despertares e aumento de sono profundo;
- adequado controle da dor, incluindo exercício físico apropriado,
- fisioterapia;
- adequada ingestão de sal e líquidos;
- minimizar as tensões emociona
- conservar a energia de repouso, quando necessário e não "ir levando" a fadiga.
Eu acho que o argumento mais convincente de todos é que a Síndrome da Fadiga Crônica (SFC), na maioria dos pacientes, é uma hipermobilidade com disauotnomia associada. É que, apesar de baixas taxas de recuperação publicadas, esta abordagem de tratamento faz com que a maioria dos meus pacientes de SFC tenham alguma melhora!
Referência:
[1] Rowe PC, Barron DF, Calkins H, Maumenee IH, Tong PY, Geraghty MT. Intolerância ortostática e CFS associado com Síndrome de Ehlers-Danlos. Journal of Pediatrics. outubro1999; 135 (4) :494-9.
[1] Rowe PC, Barron DF, Calkins H, Maumenee IH, Tong PY, Geraghty MT. Intolerância ortostática e CFS associado com Síndrome de Ehlers-Danlos. Journal of Pediatrics. outubro1999; 135 (4) :494-9.
Tradução:Maria Raquel Miranda